A construção do Estádio de São Januário (foto) foi uma das grandes odisséias cariocas.
Como visto em tópicos anteriores, outros clubes da cidade do Rio de Janeiro viam o Vasco com muito preconceito, já que era o único clube de futebol que aceitava o povo em suas equipes esportivas. Dessa forma, esses clubes procuraram dificultar o máximo possível a participação do Vasco da Gama nas competições futebolísticas ocorridas na época. Uma dessas dificuldades impostas foi a ameaça de se vetar a participação do clube nas competições, sob a ridícula alegação de não ter um estádio próprio.
Iniciava-se, então, uma das maiores e bem sucedidas campanhas de arrecadação já vistas na cidade, comparável, apenas, à campanha para se construir o Cristo Redentor.
A construção do estádio foi iniciada em junho de 1926, com o dinheiro recebido junto à imensa torcida vascaína em todas as partes da cidade e arredores.
As dificuldades não foram poucas. Àquela época o cimento belga era considerado o melhor material a ser usado nesse tipo de construção. Mas, o então presidente da República, Washington Luiz, misteriosamente, proibiu que o Vasco pudesse importar o cimento para a construção de São Januário. A solução ao impasse imprevisto foi caseira e misturou-se brita, areia e cimento nacional, materiais que são usados nas construções até hoje, por sinal.
Em 21 de Abril de 1927, pouco mais de 10 meses do início de suas obras, estava inaugurado o maior estádio das Américas, até então.
Um detalhe curioso é que Washington Luiz, compareceu à cerimônia de inauguração do estádio, talvez para ver com seus olhos a prova de determinação daquela torcida.
Passados mais de 80 anos desde a sua inauguração o Caldeirão segue firme como o maior estádio privado do Rio de Janeiro.
Ironicamente, daquela exigência arrogante feita há 8 décadas atrás, restou o fato de que dos chamados 4 grandes do futebol carioca, o Vasco da Gama é o único a ter hoje o seu estádio e nele realizar a maioria dos seus jogos. Flamengo e Fluminense não possuem estádios à altura de competições profissionais, já o Botafogo usa o Engenhão após um acordo com a prefeitura da cidade. O mundo dá mesmo muitas voltas...
Durante a chamada Era Vargas, o presidente Getúlio Vargas costumava fazer discursos no estádio, transmitidos, via rádio, ao Brasil inteiro. A Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) foi anunciada em São Januário, em um desses discursos.
O Estádio será utilizado para as competições de rugbi das Olimpíadas do Rio de Janeiro. Foi também o palco do milésimo gol de Romário. A fachada do estádio é em estilo neocolonial e é tombada pelo IPHAN.
Alguns clubes cariocas homenageam seus bairros de origem, tais como Bangu, Olaria, Bonsucesso, além de Botafogo e Flamengo. O Vasco da Gama é o único clube do Rio, provavelmente do Brasil, que criou um bairro (foto), reconhecido pela prefeitura desde 1998.
Veja também: Estádio Maracanã, Os 4 Grandes do Rio, Clube de Regatas Vasco da Gama, o Verdadeiro Clube do Povo, Palácio Guanabara
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Fotos: Vinício Antônio Silva.
Fachada de São Januário - Vasco da Gama e Placa do Bairro Vasco da Gama - Vasco da Gama. Rio de Janeiro: Capital Cultural Brasileira.
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“Levantemos a cidade que ficará por memória do nosso heroísmo e do exemplo de valor às vindouras gerações, para ser a rainha das províncias e o empório das riquezas do mundo”
ESTÁCIO DE SÁ - 1565
Vinício Antônio Silva é guia credenciado pela EMBRATUR e fotógrafo amador.
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