Perto da Igreja da Candelária existe uma réplica de quiosque, estabelecimento comercial muito comum no Centro do Rio, durante os séculos 19 e início do século 20.
Os quiosques na prática vendiam um pouco de tudo, mas a "especialidade" era mesmo os gêneros alimentícios. O povo se agrupava nesses locais, pois era ali que à cada manhã as notícias eram debatidas, antes das jornadas de trabalho começarem. Em um país com imensa população de analfabetos, em uma época em que o rádio não existia, as noticias (reais ou inventadas) eram divulgadas dessa forma.
No príncipio do século 20, o então prefeito do Distrito Federal (que nessa época era o Rio de Janeiro), Pereira Passos (1902-1906), empreendeu uma reforma urbana radical no Centro, visando modernizar a cidade, retirando-lhe do acanhamento colonial e mostrando-a ao mundo como uma metrópole "civilizada".
Nesse processo diversas moradias do Centro, igrejas seculares e o arruamento antigo foram devastados para a abertura da, então chamada Avenida Central, atual Rio Branco. A Avenida Central foi inspirada nos Boulevares franceses e ligava o porto do Rio à Zona Sul, no melhor estilo francês, no final da nova avenida foi colocado um obelisco. A influência francesa foi tão evidente que os prédios à serem construídos na Avenida Central, passaram por um concurso de fachadas, hoje poucos são os remanecentes dessa época: Biblioteca Nacional, Teatro Municipal e Museu Nacional de Belas Artes.
Os quiosques foram atacados pelo prefeito Passos por serem considerados lugares insalubres, onde doenças seriam transmitidas, também por serem considerados "deselegantes", em uma cidade que pretendia se mostrar próxima das européias.
Dessa forma os quiosques desapareceram do Centro do Rio, assim como incontáveis moradias humildes das diversas ruas rasgadas pela Avenida Central, essa população expulsa do Centro fortaleceu um movimento que havia começado anos antes: a ocupação desordenada dos morros, as conhecidas favelas.
Pereira Passos quis modernizar o Rio e colateralmente ampliou um problema social que entrou no século 21 sem perspectivas de ser resolvido. Dos quiosques do Centro só há essa réplica solitária nas proximidades da Candelária para contar sua história. Sairam os quiosques, permaneceram as favelas...
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Foto: Vinício Antônio Silva. Réplica de Quiosque Antigo - Centro. Rio de Janeiro: Capital Cultural Brasileira.
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“Levantemos a cidade que ficará por memória do nosso heroísmo e do exemplo de valor às vindouras gerações, para ser a rainha das províncias e o empório das riquezas do mundo”
ESTÁCIO DE SÁ - 1565
Vinício Antônio Silva é guia credenciado pela EMBRATUR e fotógrafo amador.
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